Um caminho de aquietação
Este mês quero trazer até ti um tema que para mim é de importância maior e para muitas pessoas que se cruzam no meu caminho profissional e procuram o meu trabalho como caminho para um maior bem-estar.
Falo de emoções e estados de ser que comandam a nossa vida e ofuscam o nosso potencial. Não que as emoções sejam o problema, de todo, sentir e reconhecer as emoções é muito importante pois são sinais e sintomas de que algo não está bem na nossa vida.
É o nosso corpo a chamar a nossa atenção.
Estados de inquietação interna são predominantes hoje em dia. E é deste estado que te quero falar.
Costumo dizer que o caminho da transformação começa na tomada de consciência, e por sua vez a consciência desperta a partir da observação.
Um caminho que começa na observação
O convite que tenho para neste blog é treinar esse trabalho de observação. Por exemplo, começa por refletir no seguinte, escreve em papel no teu caderno ou diário:
- Precisamente agora como te sentes?
- O que está presente para ti?
- Como sentes o teu corpo, que sensações navegam no teu corpo?
- Como sentes o teu coração? Estará calmo ou acelerado?
- Que emoções habitam o teu coração? São emoções desejáveis e agradáveis, ou não desejáveis e desagradáveis?
- E a tua mente? Como está? Calma e tranquila ou agitada e inquieta?
- Como te sentes na tua vida? Com sentido de direcção e foco, ou confusa e caótica, perdida na inquietude da tua mente?
É aqui que tudo começa, por observar e verdadeiramente sentir o que está presente. E nem sempre é fácil, pois este trabalho é de profunda honestidade para contigo mesmo, de te permitires sentir e ver mesmo o que está presente em ti. É ver aquilo que muitas vezes não se quer ver e nem sentir. É de deixar cair as máscaras.
O impacto de uma mente inquieta nessa observação
Por vezes é a própria inquietação interna que nos impede de ver, pois para ver com clareza, precisamos de uma pausa. E quantas vezes não sentes a tua mente tão caótica, tão assoberbada de pensamentos, preocupações, stress, ansiedade, num estado de tamanha inquietação interna, que nos deixa perdidos, confusos, sem saber que direcção tomar, de visão turva, limitando claramente essa nossa capacidade de observar a própria inquietação a acontecer na mente e no corpo!
Estratégias internas VS estratégias externas
Uma das minhas grandes aprendizagens nos últimos 20 anos, foi de perceber a importância de desenvolver estratégias internas para encontrar essa pausa que me permite ir além da inquietação, observar com clareza o que está presente, para ter consciência daquilo que preciso e posso transformar.
Isto significa resgatar poder pessoal, de tomar as rédeas da direcção que quero para a minha vida, de desenvolver a capacidade de discernir e fazer as melhores escolhas para mim baseadas numa observação consciente e imparcial, inclusive poder escolher fazer esta observação.
Contrastando com muitas outras escolhas que fiz neste caminho de aprendizagem de recorrer a estratégias externas de distração e entretenimento da mente. Sim, é certo que silencia a mente por uns momentos, como um estado de alienação ou alheamento, que por momentos é um alívio para o peso da inquietação, mas é tão somente isto. A série termina, o bar fecha, o scroll entorpece os dedos, e a seguir, a inquietação volta a ocupar-se do coração e da alma.
E isto não é solução. Não é uma estratégia de consciencialização, nem de autoconhecimento, é muito honestamente, uma fuga, é a palavra certa. E às vezes a fuga é na verdade, um mecanismo de defesa, é como um estado de apatia e congelamento quando enfrentamos um perigo externo, ou seja, uma activação do aspecto dorsal do nervo vago, uma das respostas do sistema nervoso de acordo com a teoria polivagal. É o melhor que o teu corpo sabe naquele momento, mas pode aprender a fazer diferente.
Como podes desenvolver as tuas próprias estratégias internas?
Vamos voltar à observação. É muito importante que faças um inquérito interno, uma reflexão para perceberes se o que fazes actualmente e tens feito no passado, verdadeiramente te serve, se te coloca num caminho que te permite expandir e seres quem tu és de forma livre e comprometida com a tua essência e propósito e não desregulada e condicionada por um estado de inquietação que não te pertence.
Olha para ti e para os mecanismos em encontraste para “dar a volta” à tua inquietação.
- Quais são as estratégias que usas e tens vindo a usar para regular estados de inquietação?
- São estratégias internas ou externas?
- Qual é o resultado imediato?
- O que acontece a seguir?
- E o que acontece à inquietação?
- Como te sentes ao longo deste processo?
- Que emoções se desenvolvem?
- Que sensações se manifestam no corpo?
Ao fazer esta observação, é então muito possível que comeces a ver além da inquietação, ela está aqui para te ensinar algo sobre ti mesmo, é um sintoma acerca de algo na tua vida que precisa de ser cuidado.
Da observação à raiz do sintoma
Mais um exercício de observação, pois não basta ler sobre o tema, é preciso vivênciar e colocar em prática todos estes conceitos para que na verdade existe alguma mudança e expansão. A intenção desta próxima reflexão é aproximar-te da raiz do inquietação:
- Quando sentes inquietação, que outras emoções surgem?
- Como se manifesta essa inquietação fisicamente?
- Que partes do teu corpo contraem? Que outras aceleram? Algumas que relaxam?
- Como fica a tua voz?
- Quais são os pensamentos predominantes?
- Quando é que esta inquietação surge no teu dia?
- O que estás a fazer quando ela surge?
- Ou o que não estás a fazer quando ela surge?
- Que pensamentos por si só “gatilham” a inquietação?
E assim vamos mergulhando um pouco mais profundo na sua origem, no teu autoconhecimento. É um exercício desafiante o que te proponho fazer mas que pode te trazer muita clareza e luz sobre o teu caminho.
E quem diz inquietação, diz raiva, diz tristeza, diz vergonha ou medo, podes trabalhar todas estas emoções que sintas que te estão a bloquear. E repara que não te proponho reprimir ou afastar estas emoções, mas sim de as sentir, e trabalhar a consciência a partir daí.
Da expressão corporal de uma emoção podes chegar então à verdadeira raiz que precisa ser cuidada, talvez seja ausência de amor próprio, insegurança, desconexão da tua missão ou propósito de vida, criatividade bloqueada, medo da solidão, um trauma perdido na memória mas que o corpo nunca esqueceu…e muito mais…
Duas estratégias internas que podem ajudar-te
Convido-te a corajosamente a observar, a escrever no papel todas as respostas eu surgirem, a abrir este espaço de autoexploração intencional.
E se sentires que é difícil começar por abrir o espaço com essa intenção de observar, que por si só funciona como um gatilho para a inquietação, tenho duas propostas que te podem ajudar a entrar numa vibração capaz de permitir o espaço a revelar-se par ti com maior facilidade. Podes escolher fazer ambas de seguida, ou apenas uma de cada vez.
Tapping
Uma prática inspirada no Qigong, de activação do corpo, que te ajuda a descer a tua atenção até ao corpo e sensações do corpo. Segue a sequência seguinte, entre 1 a 3 vezes:
Com a palmas das mãos abertas, e em pé, começa por dar pancadas leves com as palmas das tuas mãos, nas costas, começa o mais alto possível, desce aos rins, glúteos, parte externas das coxas, vai dobrando os joelhos para facilitar a descida, continua pela parte externas das pernas até chegar ao peito do pé.
Depois começa a subir pela parte interna das pernas, coxas, virilhas, baixo ventre, e aqui no ventre com as palmas das mãos juntas faz um movimento circular no sentido horário, umas três voltas, e depois continua com as palmas das mãos nas costelas até ao pé, de seguida apenas a mão direita continua as pancadas no ombro esquerdo, tenta ir atrás na omoplata, trapézio, base do pescoço, desce pela parte externa do braço até costas da mão e sobre pela parte interna do braço, e troca de mão e braço.
Segue para o pescoço, mas agora apenas com a pontas dos dedos, como se fosse “gotas de chuva”, sobe ao rosto, igualmente com as pontas dos dedos, até ao corro cabeludo e massaja com vigor como se quisesses mover o escalpe.
Podes repetir este processo até mais duas vezes. E por último, desliza pela mesma ordem, as palmas das mãos abertas, harmonizando o teu corpo, de forma lenta e atenta às sensações.
Respiração Viloma
No início, o foco deve ser na inspiração por algumas voltas. Tenta inspirar em três vezes ou ondas. Para orientação, ao começar, o ritmo pode ser semelhante ao seguinte:
I n s p i r a || pequena pausa || I n s p i r a || pequena pausa || I n s p i r a tudo || e expira de uma vez só
Gradualmente, permite que a pequena pausa fique mais e mais subtil, quase imperceptível, pelo que na realidade se sente que a inspiração vem em três ondas seguidas muito calmas.
Depois faz uma pausa e repete ao inverso.
Inspira numa vez, depois expira, pausa, expira, pausa, expira tudo fora.
Começa por praticar cerca de dois minutos em cada direcção, com um minuto de intervalo entre cada. Gradualmente podes tentar aumentar até uma prática de 10 minutos.
Para mais sobre o tema da respiração convido-te a ler este Blog:
Para integrar e continuar esta exploração
A seguir faz o teu exercício de observação, repara no impacto destas práticas no teu processo mental e emocional.
Ao longo dos próximos blogs vou continuar a explorar a inquietação e como a podes transformar em paz interior e abrir caminho para uma vida mais alinhada, leve e feliz.
E este não é um processo que precises de fazer sozinho e sozinha
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