Vasisthasana é um asana muito especial para mim, é no fundo uma prancha lateral, que promove o alongamento lateral do corpo e força, com muitas possibilidades de explorar a sua forma. E essas possibilidades representam aquilo que precisas a cada momento partindo de um espaço de enraizamento, conexão e observação com amor, presença, compaixão e resiliência, e ainda em segurança e respeito pelo corpo!
Hoje demonstro aqui a minha favorita, a mais desafiante, mas foi um longo caminho de exploração no tapete e fora do tapete para conquistar a forma, mas como eu digo tantas vezes, esta forma, para mim, não tem qualquer valor, e vou mais longe, conquistar esta forma pode não ter absolutamente nada a ver com Yoga. Yoga é acerca de conquistar as virtudes do asana, na apreciação de ti mesmo, na exploração dos desafios, na aceitação de limites, na remoção de condicionamentos e crenças limitantes, na abertura do coração, na criação de condições para uma maior saúde física, energética, mental e emocional e no alinhamento com a autenticidade que me é natural e intrínseca.
Esta é a sabedoria de todos os ásanas.
Neste em particular devo confessar que não ficas mais iluminada/o (lamento informar!) por segurar o dedo do pé e manter a postura por umas respirações até o clique da máquina!!! Mas que dá um gozo do caraças dá!!! É para mim um culminar de uma longa e desafiante viagem de autodescoberta! E esta alegria interna e prazer no asana pode ser conquistado até mesmo quando “supostamente” estás na variante mais simples, pois a forma do asana não importa, importa sim, como te sentes na postura!
Vasistha foi um sábio a quem este asana é dedicado , assim como um texto sobre a filosofia do yoga, acerca da liberação da alma na vivência neste corpo humano. De uma forma muito simples, é uma lição de como para “ser iluminado” não é mais do que viver com sabedoria e reconhecer o sagrado em nós mesmos. Essa é a liberdade absoluta. E não depende da sorte ou coincidências, daí a sabedoria em reconhecer que se as condições para algo existir e se manifestar estiverem presentes, se dedicares a tua atenção e energia em algo, estarão criadas as condições necessárias para que o que quer que seja se manifeste, pois todos os elementos estão perfeitamente alinhados e harmonizados, e assim, aparentemente do nada, segura-se o dedo do pá!
Parece pura sorte, mas não é!
Quantas vezes é que já sentiste isso na pele? Que de repente tudo se parece alinhar?
É uma sensação maravilhosa, mas no fundo consciente e inconscientemente estamos nós mesmos a conspirar a nosso favor! Eu não acreditava em nada disto atá à uns bons anos atrás, sentia-me no fundo agredida pelos circunstancialismos do dia-a-dia, que estava numa roda de causas e consequências, presa ao fatalismo do destino, cheia de culpa por “atrair” isto e aquilo para mim, e nem sei dizer exactamente como saí desse “filme negro”, penso que foi um sair bastante subtil através de muita exploração interna, de criar nossas “formas” de mover, pensar e sentir a existência. E uauh se valeu a pena! Sim, e hoje consigo segurar o dedo do pé, e bolas, estou muito orgulhosa disso! Digo isto sem vergonha ou necessidade de abafar a minha alegria de VIVER!
Um mapa para uma vivência em amor e presença! É o que partilho contigo em cada viagem no tapete!
Contudo um pequeno parêntesis, eu gosto sempre de fazer notar que não é uma viagem fácil, por detrás de cada sorriso trabalham-se muitas lágrimas, por detrás de muita luz existem muitas sombras, por detrás da leveza existe muito suor!
E com isto, digamos que para mim, um tutorial sobre este asana cheio de sabedoria, representaria não um mini vídeo de 5 minutos mas sim uma autêntica mentoria para uma vida sábia! E quem sabe se esse não é o meu projecto seguinte?!
Com alegria,
Fátima Fernandes
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